“Atenção senhoras e senhores, pedimos desculpas pelo atraso quanto ao horário de partida”. Quem utiliza do meio aéreo de transporte nos últimos tempos deve estar cansado de ouvir essa frase. Aproveito a citação para discutir, no presente artigo, o “caos aéreo” que vivenciamos no Brasil atualmente.
Atenção tripulação! Portas em automático...
Não são raros os atrasos, problemas técnicos, mais atrasos e problemas técnicos. E muito se comenta quanto a capacidade do sistema aeroportuário brasileiro estar apto a receber os turistas que para cá virão durante a Copa do Mundo.
Porém não paramos para pensar que nosso problema não está na Copa. Nós precisamos primeiramente de uma solução para a própria demanda já existente!
Demanda essa crescente, com cada vez mais pessoas utilizando do avião, em detrimento de outros meios de transporte, como o automóvel e o fretado, em viagens de longa distância.
As falhas no serviço são grosseiras, desde a má qualidade no atendimento aos passageiros, mas também quanto a infra-estrutura precária disponibilizada na maioria dos aeroportos do Brasil. Por exemplo o de Viracopos, na cidade de Campinas, onde os passageiros não encontram vagas suficientes nos estacionamentos, e os que encontram, deparam-se com postes com iluminação queimada, vagas no chão de pedrisco e sem contar no “poeirão” que se acumula em cima dos veículos estacionados. Tudo isso a um preço muito caro.
As reclamações também são feitas pelas empresas importadoras e exportadoras que utilizam o aeroporto. Que alertam para a demora na liberação de mercadorias, e nos demais processos sempre muito burocráticos, com capacidade de antedimento insuficientes. O que nos coloca em desvantagem, no que se refere ao comércio internacional, frente aos nossos concorrentes.
Dentro de instantes iniciaremos nosso serviço de bordo, o senhor(a) prefere batata chips ou goiabinha ?
Nos ramos da aviação costuma-se dizer: “Nunca permita que o avião leve você a algum lugar onde sua cabeça não tenha chegado cinco minutos antes”.
E me questiono se nós, gestores públicos - comandantes desse avião do desenvolvimento, que é o Brasil - sabemos de fato onde queremos chegar? Será que nossas medidas e projetos contemplam alguns “minutos antes” na rota da história da nação?
Informo aos passageiros, estamos passando por uma zona de turbulência. Apertem os cintos!
Decolar é opcional, pousar é obrigação. De fato já tiramos o Brasil do chão, mas agora aparece em nosso radar um novo desafio: o de implantarmos políticas públicas que garantam nossa chegada em segurança ao futuro. Assumido o desafio de nos tornarmos um país desenvolvido, neste momento temos que fazer com que nosso sistema aéreo funcione de forma condizente com os níveis de crescimento brasileiros.
O alarme já está apitando, uma manobra de emergência precisa ser feita.
Caso contrário, só me resta dizer: Too late[1]! Câmbio final.
[1] Do inglês Too Late, em português seria “Tarde demais”.
Expressão foi utilizada no ano 2000, no acidente envolvendo um Concorde da Air france. Quando o controlador anunciou a liberação da pista para aterrissagem, o piloto a utilizou para sucintamente anunciar que já não havia mais nada o que se fazer para deter a tragédia.